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Tradição e Traição

Trecho de A Alma Imoral, de Nilton Bonder

Desenho de David Lloyd no graphic novel "V for Vendetta"

Tradição” e “traição” são duas palavras de escrita e fonética tão semelhantes em nossa língua quanto o são interligadas em seu significado mais profundo. Tradição é a palavra que veio representar a tarefa do próprio instinto assumida pela consciência humana. Preservar-se como espécie, na dimensão da consciência, é estar atento aos ensinamentos sociais que se preocupam com a preservação do desígnio e sentido maior de nossa existência – a reprodução. São três as principais áreas que compõem a tradição: 1) a família como estrutura artisticamente moldada para melhor atender aos interesses reprodutivos em determinado contexto socioeconômico; 2) os contratos sociais fundamentais para a manutenção de uma convivência que propicie as melhores condições de preservação da vida e sua reprodução e 3) as crenças engendradas para oferecer respaldo teórico e ideológico à preservação. O animal moral tem na tradição um instrumento fundamental para sua preservação.

O surgimento do fundamentalismo em nossos tempos é com certeza uma reação legítima a um mundo que quer mudar o eixo do desígnio coletivo para o do indivíduo. Consumir em vez de reproduzir é dar maior ênfase ao meio reprodutor do que ao fim reprodutivo. É priorizar o presente em detrimento do futuro. É poluir mais do que conservar. É, em suma, ameaçar um animal e com isso o ter acuado com toda agressividade e desespero de tal condição. (mais…)

SEM TOLERÂNCIA COM OS FUNDAMENTALISTAS

Amo a formação religiosa que tive na vida, de duas vertentes – ambas cristãs: o catolicismo (das Comunidades Eclesiais de Base da Teologia da Libertação) e o espiritismo kardecista. Tenho o maior respeito, sinto e compreendo algumas das vertentes afro. Sempre elogiei os luteranos e outros evangélicos não só pela história, mas pela postura ética e pelo diálogo inter-religioso que trouxeram pra esse maravilhoso caldeirão étnico e cultural chamado Brasil. Estudei e trabalhei em universidade da Companhia de Jesus e, neste momento de Papa jesuíta, sinto que conheço, entendo e antecipo muitos dos atos dele. (Diz o ditado, “Conheça um jesuíta e você conhecerá todos; conheça um franciscano e vc conhecerá apenas um franciscano”.) Li o Niezstche de Zaratustra, Rumi e a sua poesia sufi do Islã místico, o Hesse de Siddharta e o Saramago do Evangelho Segundo Jesus Cristo e, em todos, me emocionei – assim como com Osho, que sempre me falou ao coração. Sou mole pra discurso religioso que prega humanidade, civilização e transcendência. Tanto é que me apaixonei até por algumas seitas marxistas! 😉 (risos) Agora, o que não tolero, de nenhum lado, venha de onde vier, são os fundamentalistas. Os que brandem as suas escrituras (seja a Torá ou O Capital) como a verdade indelével que deve prevalecer. E, salvo raras e honrosas exceções, coloco os neopentecostais dizimistas de pastores e bispos midiáticos nesse barco fundamentalista. Eu tô aqui pra tentar afundar a barca deles, não pra conviver e nem pra admitir que essa barca continue levando a intolerância pra dentro da política. [Henri Figueiredo]

 

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